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  • Rhizoctonia solani AG 2-2 LP

    Manejos

    Em gramados brasileiros, especialmente os de grama Esmeralda, no fim do outono, quando as noites começam a ficar mais frias e úmidas, é comum aparecer grandes manchas de grama seca ou enfraquecida, com bordas alaranjadas, cujas folhas facilmente se desprendem ao serem puxadas. Essas manchas aumentam durante o inverno e perduram até o início da primavera, desaparecendo completamente nos demais períodos do ano.
    Embora bastante comum e sempre presente, não se sabia ao certo do que se tratava. As pessoas imaginavam que poderia ser um fungo, e alguns técnicos, atentos a trabalhos científicos estrangeiros, supunham que o fungo fosse Rhizoctonia solani. Porém, no Brasil, nenhuma pesquisa cientifica sobre este problema tinha sido feita até o trabalho de mestrado que desenvolvi no Instituto Biológico, sob a orientação da Dra. Addolorata Colariccio e Dra. Flavia R. A. Patricio com a colaboração da Dra. Eliana B. Rivas e Dr. Ricardo Harakava. Nele, identificamos (primeiro relato no Brasil) e caracterizamos o fungo Rhizoctonia solani AG 2-2 LP (um dos inúmeros tipos de R. solani), como o causador dessas manchas, revelando que a doença mais comum e severa de gramas Zoysia em todo o mundo, conhecida como Large Patch, também está presente no Brasil. A grama Esmeralda, que corresponde a 81% das gramas aqui comercializadas, pertence ao grupo de gramas Zoysia, o que explica a frequência com que aparece, embora também possa ocorrer em outras gramas como Bermudas e Batatais.
    Manchas em gramados podem ser causadas por diferentes fatores, entre eles deficiência mineral, excesso ou falta de água, compactação do solo, insetos, nematoides e uma diversidade de fungos causadores de doenças. E elas são muito parecidas!!! Conhecer a etiologia de uma doença é fundamental pois explica como ela se manifesta, como ela se dissemina e como deve ser feito o seu manejo.
    R. solani AG2-2 LP é um fungo que depende de temperaturas amenas e alta umidade para se desenvolver. Ele se instala na bainha de gramas Zoysia (região entre a base da folha da grama e a raiz), apodrecendo-a. Esta é a causa do sintoma que mostra a folha se soltando tão facilmente da grama... sua base está apodrecida. A doença é recorrente no gramado ao longo dos anos pois o fungo permanece na grama, está sempre lá... mas só se manifesta nas condições de temperaturas e umidade que lhes são favoráveis. No Brasil ocorre no fim do outono, inverno e primavera, já nos países de invernos rigorosos, ocorre no fim do outono e início da primavera.
    A disseminação ocorre por tapetes de grama que já vêm infectados do produtor, por pedaços de grama infectada que ficam nas ferramentas de jardim, nas patas de animais que circulam entre gramados ou mesmo pelo homem. Embora se acredite que a terra de jardim possa disseminar a doença, isso ocorrerá se ela contiver pedaços de grama infectada. Este fungo sobrevive no tapete de grama... Substratos isentos de pragas e doenças não infectam o gramado.
    O controle da doença se faz pelo manejo: mantendo o gramado sem estresse hídrico ou nutricional (nem rega de mais, nem rega de menos, nem adubo de mais nem adubo de menos); melhorando a circulação de ar no gramado (poda de plantas maiores) e principalmente reduzindo a umidade. Assim, deve-se evitar regas ao entardecer para que a grama não permaneça molhada durante longos períodos e eliminar áreas de encharcamento do solo, este deve ter uma ótima drenagem em toda a extensão do gramado. No Brasil não há registro no Ministério da Agricultura de defensivos para o uso em gramados. Se a aplicação de fungicidas fosse permitida, esta deveria ser direcionada à bainha da planta, não às suas folhas ou raízes.
    Vislumbrando um possível controle biológico de R. solani AG 2-2 LP, nossa pesquisa detectou a presença de vários tipos de vírus neste fungo. A possibilidade de vírus enfraquecerem o fungo causador da doença já foi estuda em outros fungos, mas em R. solani AG 2-2 LP, esta pesquisa, que ainda não foi concluída, é inédita. Existem vírus também em plantas e fungos... mas essa é outra história para ser contada após a pandemia...

    https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-54052020000400289&lng=en&nrm=iso&tlng=en

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